Os Parafusos de Sirius - Episódio 1


A água fazia seu pescoço tremer. Escorria pela sua pele e pelo seu peito nu, enlaçando seu corpo como quem o toma para si. A água lembrava o seu suor, seu cheiro almíscar e adocicado, quente como o verão. O vapor rondava o banheiro, suas narinas, seu rosto; fazia lembrar seus sussurros, sua respiração ofegante na orelha. O barulho da água caindo parecia gritar: “Evelyn”.
Já chega, ele disse em voz alta para que pudesse deixar de alucinar.


-   Sabe o que parece Sirius? Que é você quem está preocupado com o que a Evelyn está pensando. Ao que parece ela não está nem aí. – Disse Remo tentando afastar os pensamentos esquizofrênicos do amigo, que há dias estava perturbado. Claro que na frente das meninas ele parecia completamente normal, mas não para aqueles que o conheciam a fundo. Sirius estava roncando (e isso só acontecia quando não havia sexo. E se não há sexo, não há sono, e se não há sono, não há noite bem dormida), ficava horas no banho, o que não era tão comum, e ultimamente parecia medir as palavras que soltava perto de todo mundo, mas principalmente das mulheres.
-   Você quem pensa meu querido. Isso porque você é inocente, acredita nas pessoas, mas a Evelyn, Remo… a Evelyn é uma vigarista. Ela está colocando todos contra mim, inclusive você. Temo que aconteça o pior.
-   Você está totalmente pirado cara. – Foi a vez de James opinar no assunto, mas não disse mais que isso. Estava muito ocupado polindo os detalhes prateados da sua vassoura, afinal no dia seguinte teria jogo.
-   Sirius, eu acredito em você. – Disse Frank por fim.
-   Alguém com juízo!
-   Porque diz isso, Frank? – Questionou Remo.
-    Porque essas meninas só sabem fazer uma coisa na vida, querido Remo: Acabar com o nosso juízo. Acredite em mim, eu já fui a festas do pijama delas, e convivo com muitas, sabe, elas me contam o que planejam. Elas são demônios de minissaia. – Disse Frank em tom sério.
-   Frank, eu te amo. – Dramatizou Sirius.
-   Seja lá o que Alice fez com você, - riu Peter – o feitiço foi forte.
-   Ela não fez nada, Peter. – Estava irritado. Isso era perceptível em seu tom de voz – Só não acho que Sirius possa estar errado quando diz que Evelyn está tentando acabar com o juízo dele.
-   Restaurei minha fé na humanidade Frank. – Sirius quase tinha os olhos marejados, e agora dava leves batidos nas costas de Frank, saudando-o como um companheiro de muitos bares. – Alguém que me entende, por Merlin! Você pode entender então o porquê eu acho que ela está fazendo um exército do mal com todas as mulheres que eu já fiz chorar para se vingarem de mim? Ela quer acabar com a minha vida, Frank!
Frank arregalou os olhos.
-   Eu falei. – Disse Remo.
-   Ok, não é pra tanto, Sirius.
-   Sirius, você tem tido olheiras ultimamente. Você não está dormindo bem, cara. - Disse Remo, que parecia realmente preocupado com o amigo.
-   Quero comer kibe. – Disse Frank e foi saindo porta do quarto afora.
-   Vou com você – Disse Peter.
-   Só tente não se matar. – Disse Remo acompanhando os garotos.
-   Eu nunca faria isso por umazinha dessas. Eu sou Sirius Black, seus bichas.

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